Votei contra a Resolução sobre a Situação na Venezuela porque considero que ela constitui uma ingerência nos assuntos internos de um estado soberano e, como tal, é contrária ao espírito da Carta das Nações Unidas.
A União Europeia e o Parlamento Europeu deveriam promover iniciativas que levassem o governo e a oposição venezuelanos a resolver os seus diferendos por meios políticos e não tomar, abertamente, posições a favor de uma das partes. Subsistem, além disso, dúvidas sobre a autenticidade dos propósitos democráticos e/ou humanitários da Resolução, já que a UE e este Parlamento não tomaram idênticas posições sobre outros Estados ferozmente antidemocráticos.
Alguns dos Estados-Membros mais ativos contra o governo da Venezuela mantêm com regimes políticos sanguinários lucrativas relações comerciais, sobretudo no domínio da venda de armas. Por outro lado, se podemos questionar a legitimidade política de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela, não podem restar dúvidas sobre a ilegitimidade do autoproclamado presidente Juan Guaidó. A legitimidade política não deriva, em democracia, de apoios internacionais interesseiros.
Por fim, não é prestigiante para a UE o facto de o PE passar, com esta Resolução, a integrar a fanfarra belicista anti Venezuela comandada por Donald Trump e Jair Bolsonaro.